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Estudo aborda técnicas de preservação de fertilidade em pacientes oncológicos e importância da equipe multidisciplinar

A preservação de fertilidade é um dos fatores mais complexos de abordagem em pacientes oncológicos adolescentes e adultos jovens. Há um número crescente de sobreviventes de câncer infantil com preocupações sobre sua fertilidade. 



No estudo Fertility Preservation in Adolescents and Young Adults With Cancer: A Case-Based Review, publicado no Journal of Clinical Oncology (JCO) por pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, foram considerados para análise diferentes tipos de abordagem, que levam em conta aspectos como desenvolvimento da puberdade, diagnóstico de câncer e urgência da terapia dirigida ao câncer.


O estudo é tema do episódio 16 do Conexão Cabeça e Pescoço, podcast em formato de pílulas de conhecimento do Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço (GBCP).

 

Segundo os autores, este campo evoluiu significativamente nos últimos 25 anos e continuará a evoluir à medida que forem incorporadas mais terapias imunológicas e direcionadas nos regimes de tratamento. Esta revisão, baseada em estudo de casos, explora oportunidades para preservar a fertilidade nesta população única de pacientes. Os principais exemplos de casos clínicos são de câncer de mama e leucemia, mas é crescente a incidência de carcinomas de orofaringe que são HPV relacionados, principalmente em pacientes jovens. Pacientes estes que costumam receber a indicação de quimioterapia, que pode ser tóxica para as gônadas, órgãos que produzem células sexuais nos homens e mulheres, afetando, respectivamente, ovários e testículos.

 

Convidado para comentar os resultados ao GBCP, o médico urologista, Tomás Ribeiro Gonçalves Dias , do Hospital das Clínicas da UFMG e membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) ressalta que os casos relatados são de pacientes em uma idade de desenvolvimento sociocultural, físico e psíquico e, neste contexto, o diagnóstico de câncer, seguido de um quadro de infertilidade, gera um peso muito grande. “Por esse motivo é importante discutir com o paciente, com foco na melhor tomada de decisão, os procedimentos para preservação de sua fertilidade”, analisa.

 

Na população masculina, a coleta e congelamento de sêmen é o padrão ouro para esses pacientes, além das técnicas cirúrgicas, como a punção de epidídimo (onde parte do espermatozoide é armazenado) ou biópsia testicular. Já na população feminina, há o congelamento de óvulos e até de embriões, porém vale lembrar, afirma Tomás Dias, que nessa população é necessário um período mínimo de cerca de dez dias para a realização do procedimento. “No entanto, em muitas das vezes, é uma doença que demanda tratamento de maior urgência e, por conta disso, a gente não consegue propriamente dito fazer a preservação da fertilidade”, afirma.

 

Tomás Dias também ressalta a importância de as equipes de andrologia e endocrinologia andarem junto com outras modalidades, incluindo, principalmente, os oncologistas. Em sua análise, o especialista respondeu sobre um cenário no qual um paciente recebe um diagnóstico recente de tumor de orofaringe e vai receber cisplatina em alta dose, com risco de 40% de ter azoospermia (ausência de espermatozoides no líquido seminal ejaculado).  “Com as medicações gonadotóxicas é difícil medir ao certo quais e quão grave vão ser as alterações. É válido o paciente ser encaminhado para um acompanhamento em clínicas de reprodução assistida, que costumam contar com um andrologista, que é aquele urologista especialista em fertilidade. Ele vai, por exemplo, orientar sobre a possibilidade do congelamento de sêmen”, explica Dias.

 

Quanto aos desafios a serem superados, o especialista destaca o aspecto financeiro. “Existem alguns programas ligados ao SUS que podem permitir algum preço diferenciado. Tanto os convênios, quanto o SUS, ainda não cobrem tratamentos para esse fim de preservação de fertilidade”, lamenta.

 

Toda a temática também foi comentada em episódio do Conexão Cabeça e Pescoço, o podcast, em formato de pílulas, do GBCP.




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