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Estudos demonstram eficácia de dispositivo na boca para reduzir complicações durante radioterapia

O uso de stents intraorais (dispositivo inserido na boca) reduz as complicações orais associadas à radioterapia em pacientes com câncer de cabeça e pescoço. A afirmação é de estudo no qual os autores realizaram uma revisão sistemática de dezenove trabalhos com amostra de pacientes que receberam irradiação em áreas como a mandíbula e a maxila.



Realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o estudo Benefits of intraoral stents in patients with head and neck cancer undergoing radiotherapy: Systematic review foi publicado na revista científica Journal for the Sciences & Specialties of the Head and Neck.


As evidências geradas a partir desta revisão estabelecem linhas de conduta clínica que beneficiam os pacientes com câncer de cabeça e pescoço, com indicação de radioterapia, de acordo com a localização específica do tumor a ser irradiado. Em pacientes com câncer na mandíbula ou perto dela, por exemplo, o uso do stent durante a radioterapia está associado a redução da mucosite oral, do trismo (dificuldade de abrir a boca) e da xerostomia (baixa produção de saliva).


“A redução da mucosite oral e do trismo implicam diretamente na redução da dor, melhora da alimentação e da capacidade de higienização da cavidade oral do paciente. Essas variáveis impactam, por sua vez, na redução de complicações secundárias, como infecções”, explica um dos autores da pesquisa, Dr. Héliton Spíndola Antunes, dentista, estomatologista, doutor em Oncologia e pesquisador da Divisão de Pesquisa Clínica e Desenvolvimento Tecnológico do INCA, onde é docente do programa de pós-graduação.

Reduzir xerostomia também impacta positivamente a qualidade de vida do paciente.


Além de facilitar o processo de fala, alimentação e a sensação de conforto, atenua os riscos de desenvolvimento de cáries. Outro dado importante, explica Antunes, é que as ferramentas adotadas em radioterapia vêm sendo aperfeiçoadas de forma acelerada nos últimos anos, o que possibilita preservar as estruturas saudáveis, pois as doses utilizadas são cada vez mais precisas e em menor quantidade, refletindo assim em tratamento menos agressivos e melhor qualidade de vida para o paciente.


A evolução da técnica de tratamento bidimensional (2D) para radioterapia conformacional tridimensional (3DCRT) possibilitou quantificar doses em regiões específicas do paciente com precisão. “De forma geral, as toxicidades orais, tanto agudas quanto crônicas são resultado da atuação da irradiação nas estruturas, desta forma, ao reduzir dose nas estruturas sadias adjacentes, esses efeitos são reduzidos”, acrescenta.


Dr. Héliton Antunes afirma também que o estudo tem como principal contribuição a evidência que os stents, que consistem em um dispositivo simples, de baixo custo e de confecção rápida, podem impactar de modo significativo na qualidade de vida do paciente durante e após o tratamento e podem representar a redução das limitações de reabilitação. “Desse modo, esperamos poder estimular os demais pesquisadores a desenvolver outros estudos, envolvendo tais dispositivos, aprofundando assim a investigação sobre os reais benefícios associados a seu uso e produzindo estudos com níveis de evidência mais altos, permitindo o estabelecimento de futuras linhas de conduta ainda mais precisas”, deseja. Sendo comprovado o benefício clínico associado ao uso dos stents, concluí o especialista, espera-se que sua confecção se torne rotina na prática clínica diária dos centros de tratamento de referência em câncer de cavidade oral.


Referência do estudo


Alves LDB, Menezes ACS, Pereira DL, Santos MTC, Antunes HS. Benefits of intraoral stents in patients with head and neck cancer undergoing radiotherapy: Systematic review. Head Neck. 2021 Feb 1.


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