O consenso Latin American Consensus on the Treatment of Head and Neck Cancer, publicado no Journal of Clinical Oncology (JCO) Global Oncology, foi capitaneado pelo Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço (GBCP), Latin American Cooperative Oncology (LACOG) e Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP).
Um painel composto por 41 especialistas estabeleceu uma diretriz latino-americana para o cuidado de pacientes com câncer de cabeça e pescoço e apresentou evidências de manejo do carcinoma espinocelular (CEC) considerando a disponibilidade de cada serviço e o benefício oncológico para o paciente.
O consenso Latin American Consensus on the Treatment of Head and Neck Cancer, publicado no Journal of Clinical Oncology (JCO) Global Oncology, foi capitaneado pelo Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço (GBCP), Latin American Cooperative Oncology (LACOG) e Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP). Este trabalho é parte do estudo HEADSpAcE, financiado por meio de grant de do programa de pesquisa e inovação da European Union's Horizon 2020.
O estudo é tema do episódio 18 do Conexão Cabeça e Pescoço, podcast em formato de pílulas de conhecimento do GBCP, tendo como convidado o autor principal, Leandro Luongo Matos, médico cirurgião de Cabeça e Pescoço e Professor Livre Docente pelo Departamento de Cirurgia (na Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Matos é também médico assistente no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e Professor Titular (na Disciplina de Clínica Cirúrgica) da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein. A mediação é dos oncologistas clínicos Thiago Bueno de Oliveira, presidente do GBCP e titular do A.C.Camargo Cancer Center e Aline Lauda Chaves, diretora do GBCP e do Grupo Dom Oncologia.
No episódio, Leandro Luongo Matos explica que os guidelines que guiavam os tratamentos do câncer de cabeça e pescoço no Brasil ou em outras realidades são, em geral, dos Estados Unidos ou da Europa, porém, é sabido que no Brasil e países que têm características semelhantes, como a América Latina, ou mesmo de outros lugares, com as mesmas dificuldades, poderiam se beneficiar de um consenso próprio, que levasse em conta, principalmente, a dificuldade de obter recursos. “O estudo surgiu justamente dessa necessidade de adaptar para a realidade local, de poucos recursos ou indisponibilidade, às vezes, de determinadas tecnologias”, relata Matos.
Na metodologia do consenso, a interação entre os especialistas de diferentes áreas relacionadas ao tratamento interdisciplinar de pacientes com câncer de cabeça e pescoço foi realizada exclusivamente online, por meio de troca de e-mail durante todas as etapas da elaboração das diretrizes. O consenso consiste em 12 seções: estadiamento do câncer de cabeça e pescoço, avaliação histopatológica, cirurgia de cavidade oral, oncologia clínica – cavidade oral, cirurgia de cabeça e pescoço - orofaringe, oncologia clínica - orofaringe, cirurgia de cabeça e pescoço - laringe, cirurgia de cabeça e pescoço - laringe/hipofaringe, oncologia clínica - laringe/hipofaringe, oncologia clínica - câncer de cabeça e pescoço recorrente e metastático, cirurgia de cabeça e pescoço – reconstrução e reabilitação e radioterapia. Foram estabelecidas 48 recomendações sobre o atendimento ao paciente com CEC de cabeça e pescoço, considerando a disponibilidade de recursos e focando no benefício oncológico.
Leandro Matos conta que foi utilizada a metodologia Delphi, consagrada na literatura, tendo sido estabelecida uma série de perguntas, que foram encaminhadas para duplas de especialistas, que responderam, baseados em evidência. Na sequência, um board reviu as evidências, escreveu a primeira versão do artigo e todas as perguntas foram votadas pelos especialistas da América Latina. “Havendo o consenso, isso era uma questão resolvida. Não havendo, voltava para os pareceristas, para uma nova escrita e nova rodada de perguntas. Assim se seguiu, até a confecção do consenso final”, detalha Matos.
Em comum nas 48 recomendações, segundo Matos, está a preocupação em apontar a melhor conduta possível, baseada em evidência científica e, na ausência da possibilidade de seguir essa conduta, o documento orienta o que pode ser feito, sem que haja um prejuízo na qualidade de atendimento ao paciente. “Apresentamos a recomendação mais forte e o mínimo que o especialista da precisa fazer em cada cenário. Isso tranquiliza o profissional que está longe de um grande centro de referência, que tem toda a estrutura. Mostra que ele está fazendo algo de qualidade para o paciente, promovendo ainda uma boa assistência”, ressalta.O papo completo está disponível em episódio do Conexão Cabeça e Pescoço, o podcast, em formato de pílulas, do GBCP.
Toda a temática também foi comentada em episódio do Conexão Cabeça e Pescoço, o podcast, em formato de pílulas, do GBCP
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Referência do estudo
Matos LL, Kowalski LP, Chaves ALF, de Oliveira TB, Marta GN, Curado MP, de Castro Junior G, Farias TP, Bardales GS, Cabrera MA, Capuzzo RC, de Carvalho GB, Cernea CR, Dedivitis RA, Dias FL, Estefan AM, Falco AH, Ferraris GA, Gonzalez-Motta A, Gouveia AG, Jacinto AA, Kulcsar MAV, Leite AK, Lira RB, Mak MP, De Marchi P, de Mello ES, de Matos FCM, Montero PH, de Moraes ED, de Moraes FY, Morais DCR, Poenitz FM, Poitevin A, Riveros HO, Sanabria Á, Ticona-Castro M, Vartanian JG, Viani G, Vines EF, William Junior WN, Conway D, Virani S, Brennan P; HEADSpAcE Consortium. Latin American Consensus on the Treatment of Head and Neck Cancer. JCO Glob Oncol. 2024 Apr;10:e2300343.
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