Quatro perguntas-chave fundamentais sobre tratamento de pacientes com carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço (CECCP) foram repsondidas nesse episódio.
O episódio 23 do podcast Conexão Cabeça e Pescoço, do Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço (GBCP), tem a proposta de responder quatro perguntas-chave sobre tratamento de pacientes com carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço (CECCP). São elas: Como trato a doença localmente avançada? Como melhorar os resultados em pacientes com doença localmente avançada - estamos fazendo o suficiente? / Como trato a doença recorrente ou metastática? / Qual é a sequência de tratamento ideal para doença recorrente ou metastática?
Com mediação da oncologista clínica Dra. Aline Lauda e do oncologista clínico Dr. Thiago Bueno de Oliveira, o episódio recebeu como convidado o oncologista clínico Dr. William Nassib William Junior, colíder Nacional de Oncologia de Cabeça e Pescoço no Grupo Oncoclínicas.
Na abertura do episódio, Dra Aline pergunta sobre o que mudou nos últimos anos no tratamento da doença localmente avançada. Ao responder, Dr Thiago explica ser importante analisar separadamente os candidatos a tratamento cirúrgico inicial e os pacientes que são candidatos a alguma estratégia não cirúrgica.
O especialista explica que para os pacientes candidatos a tratamento não cirúrgico a abordagem padrão é de radioterapia com quimioterapia concomitante, baseado em cisplatina, sendo que nos últimos anos diversos esforços foram direcionados para tentar estabelecer o papel de quimioterapia de indução e, mais recentemente, entender qual é o papel da imunoterapia nesse contexto. “Os dados foram negativos ao se avaliar o uso da imunoterapia nesse cenário. O padrão é a radioterapia concomitante a cisplatina.
Embora os estudos de quimioterapia de indução tenham resultados controversos, há alguns pacientes selecionados que podem se beneficiar dessa estratégia”, relata Dr Thiago. Já no cenário do paciente não elegível para platina os especialistas discutiram que as opções são o cetuximabe e em alguns casos também o docetaxel.
Como perspectiva para os próximos tempos a imunoterapia com pembrolizumabe no cenário neoadjuvante e adjuvante, na doença localmente avançada demonstrou melhora estatística e clinicamente significativa na sobrevida livre de progressão na população com intenção de tratar, comenta Dr Thiago. “O uso de imunoterapia neoadjuvante e adjuvante ao tratamento cirúrgico se traduz em um benefício significativo em sobrevida livre de eventos. Aguardamos agora, provavelmente no primeiro trimestre de 2025, a divulgação desses dados para que possamos entender qual é a magnitude desse benefício e quanto isso vai impactar na nossa prática clínica”, comenta.
Cisplatina na doença localmente avançada
Dra Aline levanta com Dr William a discussão sobre cisplatina semanal ou a cada 21 dias já ser um tema com prazo vencido. “Concordo. Vemos que 40 miligramas por metro quadrado por semana é tão bom quanto, ou talvez até melhor, do que a associação de quimioterapia e radioterapia com cisplatina 100 miligramas por metro quadrado a cada três semanas e com menos toxicidade.
O ponto principal aqui é que tenhamos uma dose cumulativa de cisplatina de no mínimo 200mg por metro quadrado total. Na prática, na cisplatina semanal nós temos que usar a dose de 40 por pelo menos 5 vezes, mas se for possível dar 6 ou 7 doses, a depender do tempo da radioterapia, deve-se fazer o tratamento até o fim”, responde William.
Doença metastática ou recorrente
O estudo EXTREME, publicado no The New England Journal of Medicine em 2008 foi um marco ao demonstrar quecetuximabe adicionado a quimioterapia com platina-fluorouracil melhorou a sobrevida global quando administrado como tratamento de primeira linha (platino sensíveis) em pacientes com carcinoma de células escamosas recorrente ou metastático. Mais adiante, outro estudo demonstrou que o pembrolizumabe com fluorouracil e platina superou a barreira dos 14 meses de sobrevida mediana para os pacientes com escore combinado positivo (CPS).
Com base nisso, Dra pergunta se o salto de sobrevida é suficiente. “Não é o suficiente. Ainda falamos em uma sobrevida mediada curta. Em um ano, metade dos pacientes vão progredir em sua doença e falecer. Temos muito o que melhorar. Ainda estamos pecando na seleção de pacientes em termos de estratégias sistêmicas para doença metastática”, avalia Dr William.
Ao longo do episódio, os especialistas avaliam caminhos para uma melhor estratificação dos pacientes, entre outras abordagens acerca do carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço.
O papo completo, com mediação da oncologista clínica Dra. Aline Lauda, está disponível em episódio do Conexão Cabeça e Pescoço, o podcast, em formato de pílulas, do GBCP.
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