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Biomarcadores representam avanço no tratamento do câncer de cabeça e pescoço

Os biomarcadores são indicadores de processos biológicos ou patológicos e têm papel fundamental na orientação e no manejo de pacientes com câncer de cabeça e pescoço.


Dikson Dibe Gondim


“Podemos dizer que, basicamente, os biomarcadores constituem um conjunto de dados que podem ser mensurados, resultando em informações que auxiliam o médico a tomar a melhor decisão em relação ao tratamento de seu paciente”, explica o médico patologista Dikson Dibe Gondim, responsável técnico do Laboratório de Patologia da Liga Contra o Câncer, no Rio Grande do Norte, com residência médica e subespecialização em patologia de cabeça e pescoço pela Washington University (EUA) e membro titular da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP).

 

Na área de câncer de cabeça e pescoço, dois biomarcadores se destacam atualmente na prática clínica: o p16 e o PDL-1, ambos detectados por teste de imunohistoquímica. Essa técnica complementar ao exame anatomopatológico auxilia na identificação e classificação de marcadores específicos dentro de uma amostra tumoral, através da análise de cromógenos visíveis ao microscópio.

 

Divisor de águas


Dr. Dibe afirma que o biomarcador p16 foi um divisor de águas em câncer de cabeça e pescoço. Mais especificamente, destaca o especialista, para os carcinomas de células escamosas na região de orofaringe. Isso porque estudos revelaram que esses tumores quando relacionados ao HPV, um dos fatores de risco do câncer de cabeça e pescoço, apresentavam prognóstico melhor, comparado aos tumores desenvolvidos devido o tabagismo e o etilismo. O p16 é o biomarcador que fornece ao médico a informação se o câncer de orofaringe de seu paciente está ou não relacionado ao HPV.

 

De posse desse dado, além das demais informações referentes ao quadro clínico do paciente e estadiamento do tumor, o médico pode fazer um plano de tratamento mais individualizado, eventualmente, optando por tratamentos menos agressivos. Mais do que isso, o carcinoma de células escamosas de orofaringe p16 positivo, que aponta sua relação com HPV, ganhou uma categoria específica no estadiamento TNM de Tumores Malignos do American Joint Committee on Cancer (AJCC 8ª edição), o sistema mais utilizado para avaliar a extensão e localização do câncer no corpo de uma pessoa.

 

Nossa via imunológica


O PDL-1, por sua vez, está relacionado a via imunológica. “Os tumores podem ser atacados pelo nosso sistema imune, com objetivo de impedir que eles avancem. Ocorre que alguns tumores, por meio de mutações, conseguem ‘enganar’ nosso sistema imunológico. São tumores que expressam a proteína PDL-1, que tem por finalidade atenuar a ação do nosso sistema imunológico contra esses tumores”, explica Dr. Dibe.

 

Portanto, se o paciente com câncer de cabeça e pescoço, independentemente da região acometida, desde que do tipo carcinoma de células escamosas, tiver o biomarcador PDL-1 positivo, ele poderá ser um candidato a tratamentos com terapia-alvo. “Em câncer de cabeça e pescoço, a terapia-alvo não costuma ser o tratamento de primeira escolha. Em geral, é aplicada em pacientes com doença avançada ou recidivada. Além do PDL-1 positivo, há outros critérios que são levados em consideração”, afirma. Além disso, outro desafio em relação a terapia-alvo é seu alto custo que limita o acesso.

 

Sequenciamento genético


O futuro dos biomarcadores no câncer de cabeça e pescoço, assim como nos demais tipos de doenças oncológicas, aponta para o sequenciamento genético. “Temos muitas pesquisas sendo desenvolvidas em oncologia no campo da genética. Com isso, no futuro não vamos ver apenas uma alteração ou a expressão de uma proteína, mas toda a carga genética de cada tumor”, diz Dr. Dibe.

 

Ele destaca que pesquisadores estão reunindo grupos de tumores, com a mesma aparência histológica, estudando suas alterações e construindo painéis genéticos.  Na área de cabeça e pescoço esse tipo de pesquisa existe, mas ainda está incipiente quando comparada, por exemplo, com o câncer de pulmão para o qual já há, no âmbito da prática clínica, painéis genéticos para testes. “Com o sequenciamento genético será possível encontrar mutações importantes que nos digam, apenas para citar alguns exemplos, o grau de agressividade do câncer, a que tipo de medicamento ele responderá melhor. É como se construíssemos um manual para cada tumor”, conclui.

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