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A influência da alimentação na prevenção e no pós-tratamento do câncer de cabeça e pescoço

A nutrição é um dos fatores mais importantes para a saúde. Uma dieta alimentar equilibrada pode auxiliar desde a prevenção de algumas doenças, como de alguns tipos de câncer e também diretamente o paciente oncológico em seu tratamento ou reabilitação.



Para entender melhor como a nutrição pode auxiliar tanto na prevenção quanto no pós-tratamento do câncer de cabeça e pescoço, conversamos com Thais Manfrinato Miola, Supervisora de Nutrição Clínica do A.C.Camargo Cancer Center.


Veja porque os cuidados com a nutrição são fundamentais quando o assunto é câncer de cabeça e pescoço:


GBCP: É possível dizer que alguns hábitos na alimentação podem prevenir alguns tipos de câncer de cabeça e pescoço? Se sim, quais são?


Thais Manfrinato Miola: Sim, é possível. A alimentação saudável contribui para a redução do risco de diversos tipos de tumores, inclusive do câncer de cabeça e pescoço. O consumo frequente de frutas e vegetais tem sido associado ao menor risco de desenvolvimento de tumores na boca, nasofaringe, faringe e laringe.


GBCP: Há alimentos que podem atuar como fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de cabeça e pescoço? Se sim, quais são os que mais devemos evitar o consumo?


Thais Manfrinato Miola: Para o câncer de nasofaringe existe evidência de que o consumo de vegetais em conserva e do peixe salgado cantonês, um alimento tradicional na China e preservado em sal, aumenta o risco. Existe também uma evidência limitada, mas que sugere a interação de carne vermelha e processada com o risco do câncer de nasofaringe.

Além disso, a obesidade é um fator de risco para estes tumores e, na maioria das vezes, ela ocorre devido ao alto consumo de alimentos com alta densidade energética, como açúcares e gorduras.


GBCP: Falando agora sobre o paciente com câncer de cabeça e pescoço: qual a importância de um acompanhamento nutricional após o tratamento da doença?


Thais Manfrinato Miola: O acompanhamento nutricional do paciente com câncer de cabeça e pescoço deve ocorrer em todas as fases do tratamento, desde o diagnóstico da doença, já que são pacientes considerados de alto risco nutricional.


O tratamento, seja cirúrgico ou sistêmico, traz diversos efeitos colaterais que impactam diretamente na ingestão alimentar, o que pode acarretar perda de peso, principalmente de massa muscular e essa recuperação de massa muscular não é tão rápida quanto a sua perda. São necessários no mínimo 3 meses de intervenção nutricional e fisioterápica para observamos resultado.


É importante ressaltar que, a intervenção nutricional sozinha auxilia na recuperação muscular, porém chega um momento em que esse cenário se estabiliza, pois é necessário o estímulo para o crescimento da massa muscular. Por isso é importante que a equipe de fisioterapia atue em conjunto nesse processo.


Estes pacientes muitas vezes podem apresentar sintomas tardios que continuam a dificultar a ingestão alimentar e, consequentemente, piora a qualidade de vida. Por exemplo, pacientes que fizeram radioterapia podem continuar com xerostomia (boca seca) e apresentar trismo (dores e dificuldades para abrir a boca), o que dificulta a ingestão de certos alimentos e ainda faz com que o paciente perca o prazer na alimentação.


GBCP: Após o tratamento do câncer de cabeça e pescoço, quais alimentos são mais indicados? E quais podem ser contraindicados?


Thais Manfrinato Miola: Não existe uma dieta exclusiva para os pacientes com câncer de cabeça e pescoço após o tratamento e nem contraindicação. Tudo vai depender do que ele consegue comer após o tratamento. Devem ser respeitadas as preferências e aversões alimentares para montar um plano alimentar saudável e que atenda às necessidades nutricionais de cada paciente.


Fonte:

Thais Manfrinato Miola - Supervisora de Nutrição Clínica do A.C.Camargo Cancer Center. Doutora e Mestre em Ciências na Área de Oncologia. Especialista em Nutrição Clínica e Oncológica.

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